"A mente não consegue se aquietar. Ela precisa pensar, precisa se preocupar, incessantemente. A mente funciona como uma bicicleta; enquanto você pedala, ela continua andando. No momento em que você para de pedalar, ela começa a cair. A mente é um veículo de duas rodas assim como a bicicleta, e o seu pensamento é um pedalar constante.
Mesmo que consiga, às vezes, ficar um pouquinho em silêncio, você começa imediatamente a se preocupar, “Por que estou em silêncio?” Você fará qualquer coisa para se preocupar, para pensar, porque a mente só pode existir de uma maneira: em movimento. Nesse movimento está a mente. No momento em que você para, ela desaparece.
Neste exato instante, você está se identificando com a mente. Você acha que você é a mente. É daí que vem o medo. Se você está se identificando com a mente, é natural pensar que, se ela for parando, você está acabando, deixando de existir. E você não está sabendo nada a respeito dela.
A realidade é que você não é a mente. Você é algo que está além dela. Por isso é absolutamente necessário que ela pare, para que pela primeira vez você possa constatar que você não é a mente...pois você continua existindo. A mente se foi e você continua – e com uma alegria maior, uma glória maior, uma luz maior, uma consciência maior e um ser maior. A mente estava, mentindo, fingindo e você caiu na armadilha.
O que você tem que ir entendendo é o processo de identificação – como uma pessoa se identifica com alguma coisa que não é ela mesma.
A sua mente não foi criada pela natureza. Procure fazer sempre esta distinção: o seu cérebro foi criado pela natureza. O seu cérebro é um mecanismo que pertence ao corpo, mas a sua mente foi criada pela sociedade à qual você pertence – pelas assim chamadas religiões, pelas igrejas, pelas ideologias, pelo sistema educacional que criado pelos políticos, pelos moralistas influenciados pelos padres, pastores, pelos imbecis e que o ensinaram, todo tipo de coisa estúpida.
É por isso que existe uma mente cristã e uma mente hindu, uma mente muçulmana e uma mente comunista. Os cérebros são naturais, mas as mentes são um fenômeno criado pelo humano.
Tudo depende do rebanho de ovelhas a qual você pertence. Você pertence ao rebanho hindu? Então, naturalmente, você se comportará como um hindu.
Meditação é o único método que pode levá-lo a tomar consciência de que você não é uma mente, o que dá a você uma tremenda maestria.
Depois você poderá escolher o que há de certo na sua mente e o que não há, pois você está distante, é um observador, uma testemunha. Você não ficará mais apegado a ela...e esse é o seu medo. Você se esqueceu completamente de si mesmo; foi passando a ser a mente. A identificação se tornou completa.
Quando eu digo, “Fique em silêncio, fique sereno. Esteja sempre alerta e atento aos seus processos mentais”, você pode surtar, morrer de medo; isso é como morrer. Num certo sentido, você está certo, mas não se trata de sua morte, mas da morte dos seus condicionamentos. Combinados, eles são chamados de “mente”.
Depois que você for capaz de fazer essa distinção claramente – ver que você está separado da mente e que a mente está separada do cérebro - , isso acontece no mesmo instante, simultaneamente: quando você se retira da mente, passa a perceber que a mente está no meio; de um lado está o cérebro e do outro a sua consciência.
O cérebro é simplesmente um mecanismo. Você pode fazer com ele o que quiser. O problema é a mente, porque foram os outros que a criaram para você.
Os sacerdotes, os padres, os pastores, os bispos, os papas, os políticos – as pessoas que estão no poder, que têm interesses em jogo – não querem que você saiba que está acima da mente, que está além dela. Eles têm feito tudo para que você continue identificado com a mente, pois a mente é manipulada por eles, não por você. Você é enganado de um modo muito sutil. Quem manipula sua mente está fora de você.
Se a consciência se identifica com a mente, o cérebro não pode fazer nada. Ele é um simples mecanismo. Qualquer coisa que a mente queira, o cérebro faz. Mas, se você se separar da mente, ela perde o poder; do contrário, ela é soberana."
Osho
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