O cérebro tem uma escolha predeterminada
Descobrimos que o resultado de uma decisão pode ser codificado na atividade cerebral do córtex pré-frontal e parietal até 10 s antes de entrar em consciência.
Na década de 80 o neurocientista americano Benjamin Libet encontrou um sinal cerebral, o chamado "potencial de prontidão", que ocorria uma fração de segundo antes de uma decisão consciente. Os experimentos de Libet foram altamente controversos e geraram um grande debate sobre nosso sentimento de "livre arbítrio" ser ou não ilusório.
Novos estudos foram realizados desde então, em um deles, publicado na "Nature" voluntários foram colocados frente a uma tela na qual era exibida uma sequência aleatória de letras. Eles deveriam escolher uma letra e apertar um botão quando ela aparecesse, enquanto o cérebro era monitorando via ressonância magnética. 10 segundos antes dos voluntários resolverem apertar o botão, sinais elétricos correspondentes a essa decisão apareciam nos córtices frontopolar e medial, regiões do cérebro que controlam a tomada de decisões. 5 segundos antes de apertar o botão, o cérebro ativava os córtices motores, que controlam os movimentos do corpo.
"Muitos processos no cérebro ocorrem automaticamente e sem envolvimento de nossa consciência. Isso evita que nossa mente seja sobrecarregada por tarefas rotineiras simples. Mas quando se trata de decisões, tendemos a supor que são feitas por nossa mente consciente. Isso é questionado por nossos descobertas atuais. " John-Dylan Haynes, um dos autores do estudo intitulado " Determinantes inconscientes de decisões livres no cérebro humano"
Alguns anos mais tarde o professor John -Dylan Haynes da Charité – Universidade de Medicina de Berlim em colaboração com Matthias Kraft, Daniel Birman, Marco Rusconi, Carsten Allefeld, Kai Görgen, Sven Dähne , e Benjamin Blankertz fizeram um novo experimento, para descobrir mais sobre a vontade consciente e tomada de decisões. E saber se seria possível as pessoas cancelarem um movimento uma vez que o cérebro começou a prepará-lo (potencial de prontidão).
Os voluntários do estudo publicado na PNAS participaram de um “duelo” contra uma interface cérebro-computador projetada para prever seus movimentos em tempo real a partir de observações de sua atividade EEG. (ondas cerebrais monitoradas por eletroencefalografia).Aqui, os participantes poderiam ganhar pontos ao apertar 1 botão quando a luz no computador ficava verde, mas perderiam pontos se pressionassem depois que a luz tivesse ficado vermelha. Tão logo as medições das ondas cerebrais indicassem que o jogador estava prestes a fazer o movimento o computador (programado para utilizar os dados da EEG para prever quando o jogador se moveria) mudava a luz.
O cancelamento dos movimentos era possível se os sinais de parada ocorressem antes de 200 ms antes do início do movimento, constituindo assim um ponto sem retorno.
Você pode ver a publicação do Artigo cientifico em https://doi.org/10.1038/nn.2112
Isso mostra que por mais que nossas reações/escolhas sejam automáticas, a consciência detém o poder de reverter o processo iniciado.
Ou seja as escolhas tem uma resposta automática mas a última palavra é sua, você pode aceitar a sugestão automática, deixa-la decidir ou Tomar as rédeas conscientemente. Para tal você precisa aprender a estar consciente sobre o seus programas mentais e questiona-los.
Nossas decisões tem predeterminação automática mas detemos o poder de reverter o processo já iniciado.
“O indivíduo não é livre para escolher”, afirma Renato Zamora Flores, professor de genética do comportamento da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). O cérebro restringe previamente as suas possíveis opções e, pior ainda, escolhe uma delas antes mesmo que você se dê conta. É possível lutar contra isso.
@interconexao
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