A verdadeira abundância transborda em si própria porque está livre de restrições. É como um copo que se ocupa do necessário e derrama.
O ser que tomou contato com essa energia não cabe mais em si, suplantou a experiência da matéria porque a reconheceu como suficiente à vida. Ele é rico e essa riqueza é transbordante.
A caridade está relacionada a isso. A verdadeira caridade é como o Sol: Irradia. Não se trata de dar um alimento, um teto somente, de propiciar bens materiais. A verdadeira caridade é transbordante, ilumina a vida simplesmente por existir.
A abundância e a caridade são energias complementares, pois uma não existe sem a outra. São lados da mesma moeda. Pois aquele que não é abundante não é caridoso, generoso, assim como não existe caridade sem o sentimento da abundância plena. São energias que caminham juntas.
A caridade é um desdobramento natural da abundância, porque está junto daquele que compreendeu o sentido da generosidade, e que faz questão de dar sua contribuição ao mundo. O ser abundante compreendeu a verdadeira riqueza, que é aquela que parte de dentro e irradia em expansão da própria iluminação.
Essa relação entre a caridade e a abundância é quase um paradoxo na mente humana. Mas o abundante, por incrível que possa parecer, é aquele que transcendeu a restrição e escassez da matéria, por isso ele transborda amor, dinheiro, compreensão, paciência. Ele simplesmente se tornou abundante em si mesmo.
O estado de abundância é um estado comum nos reinos de luz. Nos reinos mais sutis o princípio é a abundância, pois ali não existe falta. Tudo é abundantemente disponível a todos. Nesses planos a caridade sequer existe, pois não há necessidade de complementação dos recursos que se encontram disponíveis.
Na vida planetária a caridade existe porque a humanidade ainda se prende à escassez de recursos, ao orgulho, à vaidade, ao querer para si próprio em detrimento de todos. O abundante é diferente porque não está restrito a essa grade de sofrimento e escassez. Ele transcendeu e não possui mais receio quanto à falta. Está livre.
Por isso a abundância e a caridade são energias complementares que juntas ensinam a verdadeira natureza do ato de servir. A verdadeira caridade não é aquela que provém a todos com todos os desejos do ego. Ela é balizada pela abundância, que ensina a ajudarmos com aquilo que transborda do copo.
A verdadeira caridade é aquela que respeita a si próprio, que possui auto amor, que sabe os limites de seu próprio equilíbrio.
A parábola do copo cheio é a parábola do necessário, do suficiente. Não há necessidade de mais nem menos. É encontrar o necessário à própria vida e, assim, poder ser realmente generoso.
Ao assim fazermos não entregamos nossa paz em prol da caridade. Nós a mantemos em nosso coração, com respeito aos nossos próprios limites. E isso é ser abundante e também ser caridoso consigo mesmo.
O abundante não é generoso a ponto de doar sua paz. Ele tomou contato com a energia da abundância através de seu próprio caminhar e isso trouxe sabedoria.
Sabedoria essa que ensinou que, quando se vincula com a falta e escassez, interrompe o fluxo da abundância. O abundante se preserva e ensina o caridoso a assim fazer. Isso é ser abundante, usufruir daquilo que possui e permitir que o copo transborde. O abundante sabe a medida exata do auxiliar.
Em sua sabedoria, aprendeu também a não tirar a oportunidade daquele que está trilhando o caminho de se conhecer abundantemente. Ele compreende que a falta faz parte do processo de reconhecer a abundância que há no universo. Ela também tem seu propósito como escola da alma e então não se vincula mais aos dramas da matéria.
A verdadeira caridade é praticada sem que interfira nos processos de aprendizado. O abundante já trilhou os caminhos da escassez e está escolado nesse aspecto. Ele compreendeu que o contato com a energia da abundância exige sabedoria, mas sem cair nos dramas materiais ou interferir na vida daqueles que ainda estão nos primeiros anos escolares.
A caridade para o abundante não significa a ajuda irrestrita. Ele mantém o ciclo de abundância vivo. Reconhece que a primeira ajuda é para si próprio, para seu próprio amor. E então o abundante se torna caridoso porque transborda alegria, felicidade e tudo o que seja necessário. Mas ao mesmo tempo tem sabedoria em manter esse fluxo em sua vida. Ele mantém o fluxo do auto amor, respeitando-se, bem como a todos aqueles que ainda não aprenderam a agir desta forma.
Mas para que compreendam essas palavras, tomamos a liberdade de contar uma breve parábola sobre o Mestre que realiza um empréstimo ao seu servo. Essa parábola poderá melhor ilustrar aquilo que dizemos:
“Estava o Mestre em sua residência quando chega um de seus servos, ou funcionários. Ele chega ofegante e desesperado clamando por ajuda financeira.
O Mestre então lhe questiona os motivos e ouve calmamente a história, confortando e aconselhando aquele que o procura. Diz o servo que seu filho havia tido problemas de saúde e necessitava de dinheiro para os medicamentos.
O Mestre, após o ouvir, empresta-lhe o dinheiro já sabendo que não o receberá. Ele sentiu na vibração daquele irmão que não receberia o dinheiro, mas mesmo assim fez o suposto empréstimo, como um ato de caridade, porque se tratava de uma quantia que transbordava de seu copo. Ele é abundante e confia que não haverá falta no futuro.
Semanas depois, novamente, o servo envergonhando de não ter cumprido sua palavra e pago o empréstimo, procura novamente o Mestre. Agora diz que utilizou parte do dinheiro dos medicamentos porque havia batido seu carro. Assim, contando novamente sobre seus problemas pessoais, o motivo de não ter efetuado o pagamento da dívida, solicita novo empréstimo para mais medicamentos ao seu filho que agonizava.
O Mestre então diz não haver necessidade do pagamento e perdoa a primeira obrigação, dizendo que se trata de uma quantia que não o fará falta. Ele é generoso e é exemplo de abundância. Mas em seguida, mesmo tendo o dinheiro, diz que não poderá continuar a ajudar. O servo fica decepcionado e até nervoso pela negativa. Não aceita o fato do Mestre, mesmo tendo muitos recursos à sua disposição, recusar-se a ajudar seu filho.
Mas o Mestre não se vincula mais ao drama. E deixa de fazer o novo empréstimo não porque esteja preocupado em não receber novamente, mas sim porque identificou na vida daquele irmão um ciclo de escassez que se repete de tempos em tempos. Em sua sabedoria, ele sabe que esse ciclo precisa ser quebrado pelo próprio servo, para que a verdadeira abundância nasça em seu interior.
Ele não cobra o primeiro empréstimo. O fato de não ter havido o pagamento não o afeta. Mas há no servo um ciclo de escassez, no qual sua vida de tempos em tempos passa por dificuldades financeiras. Essas dificuldades, no entanto, serão a cura dos males financeiros que possui em sua vida. O Mestre permite e é caridoso mesmo sem se vincular ao drama daquele que o procura. Ele é abundante. ”
Thiago Strapasson – 03/08/2017
Fonte: www.pazetransformacao.com.br
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